24 de agosto de 2022
Por que, “ainda”, não aqui? – Uma análise do patrocínio nas camisas dos principais clubes da América Latina em 2022
Em 2018 divulgamos a primeira edição do artigo “Por que não aqui?” um levantamento inédito das marcas globais ou com relevância continental que investiam em patrocínio no futebol na América Latina, mas que, por diversas razões, não o faziam no Brasil.
Em 2020 o mundo passava por um dos momentos mais críticos da pandemia, aguardava o início da vacinação e tentava retomar o calendário das competições. Em meio às incertezas quanto ao cenário econômico regional e global, a versão de 2020 do estudo registrou um cenário de estabilidade, tanto em volume quanto na diversidade de marcas patrocinadoras dos maiores clubes da região.
Agora, em 2022, ainda sob situação de reconstrução dos impactos da pandemia da Covid-19, lançamos uma nova versão deste artigo, a fim de comparar e analisar as eventuais mudanças e avanços.
O que mudou?
Ao olharmos para os países vizinhos, podemos afirmar que 35% dos patrocinadores dos principais clubes latino-americanos (exceto Brasil) em 2022 são novos e, que do total de patrocinadores de 2020, 42% deles seguiram patrocinando os principais clubes da região em 2022.
Dentre os principais clubes da América Latina, os cinco setores que lideram atualmente em volume de exposição de marcas em uniforme são: 1º Setor Financeiro, 2º Apostas Esportivas, 3º Automotivo, 4º Telecomunicações e 5º Alimentação. Juntos, representam 55% das aparições de marcas nos uniformes dos principais clubes da região.
Apenas como um comparativo, entre os 20 clubes da Séria A do Campeonato Brasileiro, os cinco setores que lideram atualmente em volume de exposição de marcas em uniforme são: 1º Apostas Esportivas, 2º Setor Financeiro, 3º Imobiliário, construção e acabamentos”, 4º Serviços de Saúde e 5º Alimentação. Juntos, representam 58% das exposições de marcas patrocinadoras nos uniformes.
América Latina (exceto Brasil)
1- O Setor Financeiro ainda lidera em volume aplicações de marca nos uniformes dos principais clubes da América Latina, contando tanto com bancos, como o Pichincha, Vision e Bank of Palestine, como também empresas do segmento de seguros, carteiras digitais, crédito etc.
2 – O segmento de Apostas Esportivas foi o que mais se desenvolveu nos últimos dois anos. Na comparação com 2020, o setor ganhou sete posições e ocupa atualmente o segundo lugar entre os setores com maior volume de exposição de marcas entre os principais clubes de futebol da região. Em 2020, marcas de apostas esportivas contabilizavam apenas 19 aparições em uniformes, e hoje somam 40, grande parte delas na propriedade “frente máster”, posição mais nobre do uniforme. O setor de apostas esportivas está presente em quase todos os países da América Latina com exceção de Uruguai e Bolívia que contam atualmente com legislações mais restritivas sobre o tema.
Como comparação no Brasil, o crescimento do setor se destaca, uma vez que as “Apostas Esportivas” contam com o maior volume de aparições de marcas em uniformes dos clubes da Série A. Há dois anos, o setor era representado por 16 exposições, hoje são 24 entre as equipes da elite do futebol nacional. Desde 2020, o setor ganhou duas posições e alcançou o primeiro lugar no volume de marcas expostas em uniformes da elite do futebol brasileiro.
3 – O setor Automotivo registrou leve crescimento e ocupa a terceira posição entre os segmentos com mais aparições de marca. Anunciantes presentes nos uniformes dos principais times da região como: Renault, Changan, Cherry, Chevrolet, Suzuki, Mazda, DAF, DFSK, MG, Foton, Hyundai, JAC, Jetour, Ssangyong, UAZ, Bridgestone e Mobil. Mesmo que muitas dessas marcas contem com operações no Brasil, e nosso mercado seja maior e mais atrativo, nenhuma marca deste segmento está presente atualmente nos uniformes dos clubes brasileiros.
4 – O setor de Telecomunicação, embora tenha caído duas posições em comparação com 2020 em volume de marcas, se manteve entre os cinco setores com maior volume de patrocínios na região. Empresas como Antel (Uruguai), Movistar (Chile), DIRECTV (Chile e Equador), Tigo (Paraguai, Bolívia, Colômbia), Telcel (México), AT&T (México). No Brasil, temos somente a TIM como patrocinadora de uniforme nos clubes de futebol, mesmo assim em propriedades de menor exposição do uniforme.
5 – Outros segmentos que se destacaram são os Serviços de Saúde, que durante esses dois anos dobrou a quantidade de exibições de marca, possível reflexo da crise sanitária dos últimos anos. Hoje, este setor conta com 20 inserções nos uniformes dos principais clubes Latino-Americanos entre convênios médicos, laboratórios, planos de saúde, farmácias e laboratórios farmacêuticos.
6 – O segmento de Tecnologia obteve um crescimento expressivo e conquistou seis posições nesta relação. O setor continua patrocinando clubes tanto no Brasil quanto nos demais países da América Latina. Outro segmento similar foi o de Serviço de Entrega, que no ano de 2020 sequer figurava no levantamento e hoje conta com nove marcas em uniformes dos principais clubes da América Latina.
7 – O setor de Companhias Aéreas registrou leve redução em comparação a 2020. O segmento deixou de patrocinar clubes de alguns países no período, como por exemplo a Qatar Airways no Boca Juniors (Argentina). Companhias que permanecem presentes nos uniformes de clubes da região: Air Europa (Argentina), Turkish Airlines (Argentina), Avior Airlines (Venezuela) e Boa (Bolívia).
8 – O segmento de Eletrodomésticos continua apresentando evolução no volume de aparições de marcas. Nos demais países da América-Latina o setor cresceu 67% em comparação com o ano de 2020.
9 – O setor de Bebidas Alcoólicas mantém relevância significativa na região, e representa 8% de participação do total, o que representa 29 exibições de marca nos uniformes dos principais clubes latino-americanos. No Brasil, atua apenas com patrocínios em outras frentes, que não o uniforme, por questões legais.
ATUAM LÁ, MAS NÃO AQUI – Outras marcas com relevância global e de segmentos de destaque que não atuam no Brasil (em patrocínio de uniforme):
- AUTOMOTIVO: Renault (Uruguai), Changan (Uruguai), Cherry (Chile), Chevrolet (Bolívia), Suzuki (Mexico e Bolívia), Mazda (Equador), DAF (Colômbia), DFSK (Peru), MG (Peru), Foton (Bolívia), Hyundai (Uruguai), JAC (Mexico), Jetour (Uruguai), Ssangyong (Chile), UAZ (Chile), Bridgestone (México e Colômbia) e Mobil (México);
- BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS: Coca-Cola (Paraguai), Pepsi (Colômbia e Venezuela), Gatorade (Peru) e Sporade (Peru e Equador);
- COMPANHIAS AÉREAS: AirEuropa (Argentina), Turkish Airlines (Argentina) e Avior Airlines (Venezuela);
- ALIMENTAÇÃO: KFC (Equador e Venezuela);
- CONSTRUÇÃO E ACABAMENTO: Sodimac (Chile).
ATUAM AQUI, MAS NÃO LÁ – O mercado brasileiro possui suas peculiaridades com patrocinadores que não atuam nos demais países da América Latina como:
- CONSTRUTORA: MRV;
- TELECOMUNICAÇÃO: TIM;
- BENS DE CONSUMO: Champion;
- TECNOLOGIA: Positivo;
- BEBIDAS NÃO ALCOOLICAS: Red Bull.
ATUAM AQUI E ATUAM LÁ – Existem marcas que patrocinam tanto clubes brasileiros quanto dos demais clubes latino-americanos, como:
- ELETRO: Philco;
- TELECOMUNICAÇÃO: Amazon Prime;
- SETOR FINANCEIRO: Bitci;
- ELETRO: Midea;
- DIGITAL: Socios.com.
Arthur Bernardo Neto, diretor do IBOPE Repucom comenta que: “na América Latina é notório o potencial de patrocínio que os clubes oferecem, sobretudo quando olhamos para o horizonte de médio prazo, tanto para as marcas/setores, quanto para a atuação do patrocínio, ou seja, local ou global. Portanto, olhar para toda a região nos ajuda a compreender peculiaridades e tendências de cada mercado, assim como identificar novas oportunidades para patrocinadores e patrocinados”.
E as Apostas Esportivas?
Pela relevância e ascensão do setor nos últimos dois anos em volume de exposição de marcas dentre os principais clubes latino-americanos, organizamos um mapa adicional, apenas com anunciantes deste segmento. O Brasil é o país com maior variedade de players entre as principais equipes de futebol.
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